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Lendas

A riqueza do nosso património não se esgota nos monumentos que legámos. As lendas, histórias fantasiadas com maior ou menor rigor factual, constituem prova viva e mutável do património imaterial que preenche o território dos Castelos do Mondego. Na Rede, elas testemunham a história em comum vivida, os saberes ancestrais e as crenças que toldaram o Homem na sua relação com o meio e em comunidade. Urge pois preservar este património cultural imaterial. É ele que nos distingue e, simultaneamente, nos aproxima na Rede.


Lenda da princesa Peralta
Reinava em Conímbriga o rei mouro Arunce, rodeado por opulenta corte, na companhia de sua filha a princesa Peralta. O rei mandou construir, como refúgio, na serra da Lousã, um castelo embrenhado na floresta.
O príncipe cristão Lausus invade Conímbriga e o Rei Arunce é obrigado a fugir para o castelo da Lousã, levando consigo a sua filha Peralta e todas as suas riquezas. No momento da retirada, a Princesa Peralta e o Príncipe Lausus entreolham-se por breves instantes e enamoram-se.
Lausus procura desesperadamente a sua amada, percorrendo as serranias da região. O velho rei Arunce, sabendo das intenções do príncipe Lausus, parte ao seu encontro, deixando a princesa Peralta e as riquezas fechadas no Castelo da Lousã. Travam violento combate e acabam ambos por sucumbir. Não havendo ninguém conhecedor do refúgio da Princesa, esta fica aprisionada no castelo. Ainda hoje se ouve o soluçar apaixonado da jovem Peralta, aguardando pelo seu Príncipe.


Lenda de Buarcos
Em tempos remotos, quando D. Afonso Henriques travava as suas lutas pela conquista do território, andavam os pescadores de Buarcos, no mar alto, na faina da pesca quando depararam com uma embarcação meia desfeita vogando ao sabor das águas.
Como único tripulante levava uma estátua de pedra, em tamanho natural, do apóstolo S. Pedro, de mão erguida em gesto de abençoar.
Considerado o caso um milagre, decidiram os devotos dedicar-lhe uma capelinha erguida no alto do povoado, sobranceira à baía.
O pequeno povoado piscatório foi crescendo e ganhando notoriedade, como o atestam as suas muralhas. Os pescadores de Buarcos acabaram por eleger S. Pedro como seu padroeiro, ele que também tinha sido pescador.


Lenda de Mira e Anda
Estava uma esbelta donzela no alto do seu castelo, quando um cavaleiro cristão, impressionado pela sua beleza, fica parado a comtemplá-la. A jovem sentiu por ele grande atração e os seus olhares cruzaram-se apaixonados.
Ciente do perigo que corre o admirador, caso fosse descoberto pelos vigias, a bela moura suplica-lhe que continue a sua caminhada, dizendo-lhe “Mira e Anda”.
Deste breve aviso resultou o nome de Miranda.


Lenda do Abade João
Conquistado Montemor-o-Velho, na era de 848, o rei Ramiro de leão doa-a a seu sobrinho, D. João, abade de Lorvão, com a condição de que os monges-cavaleiros da sua ordem fossem responsáveis pela defesa do castelo. Numa tentativa de recuperar Montemor, os mouros cercam-na com um numeroso exército.
Receando os ultrajes que seriam feitos a velhos, mulheres e crianças, os sitiados encomendaram as suas almas a Deus e degolaram-nos para evitar sofrimentos ulteriores.
Sem réstia de esperança, comandados pelo Abade João, os cristãos atiraram-se desesperados aos sarracenos, vendendo cara a expectável derrota. Com tal entrega o fizeram que, apesar da avassaladora diferença de efetivos, conseguiram levar de vencida as hostes de Abderramen II, rei de Córdova. Terminada a peleja, pesarosos pelo sacrifício dos seus entes queridos, é com enorme espanto que vão encontrar os seus familiares ressuscitados por intervenção da Virgem e, todos juntos, festejaram a vitória.


Lenda da Cindazunda
Após ter destruído Conímbriga, Ataces, rei dos Alanos, dedicou-se à fundação de uma nova cidade na margem direita do rio Mondego. Estava Ataces embrenhado a dirigir a edificação dessa nova Coimbra, no local da romana Aeminium, quando surgiu o rei suevo Hermenerico com o seu exército, sedento de vingança pelas derrotas sofridas. Tão sangrento foi o combate entre os dois exércitos que as águas do Mondego se tingiram de vermelho.
Hermenerico é forçado a retirar-se para norte, mas Ataces foi em sua perseguição e o rei suevo vê-se obrigado a capitular. Oferece a Ataces a mão da sua filha, a bela princesa Cindazunda, que desde logo se enamorou perante a beleza da jovem.
Regressados a Coimbra para os esponsais, o rei dos Alanos decide perpetuar o seu casamento dando a Coimbra um brasão comemorativo do acontecimento.
Nele, a princesa Cindazunda surge coroada de uma taça que simboliza o seu casamento com Ataces. Ladeiam a taça um leão, timbre de Ataces e um dragão, timbre de Hermenerico.


Lenda do Campo da Velha

Num dia quente de verão, o rei passeava pelos campos de Alfarelos com a sua comitiva. Deparando com um grande casebre, pediu à jovem que ali morava um copo de água para matar a sede. Vendo uma cama, aproveitou para nela descansar.
Recuperado pela sesta retemperadora quis agradecer à jovem dizendo-lhe que lhe daria o que solicitasse. Pediu-lhe um campo que pudesse lavrar com um couro de boi, o que o rei concedeu.
Ela começou a recortar o couro em estreitas tiras até se tornar num finíssimo fio e delimitou com ele um campo com várias centenas de hectares junto à sua casa.
Como palavra de rei não volta atrás, o rei doou-lhe o terreno.
Anos volvidos, uma velhinha doou o terreno à Câmara. Era a outrora jovem a quem o rei tinha dado o terreno. Foi com o dinheiro da venda deste campo que, passados muitos anos, foi construído o edifício dos Paços do Concelho de Soure.


Lenda do Mouro Al Pal Omar
Al Pal Omar era um esbelto mouro que, nos tempos da reconquista do território, vivia nas margens do rio das Quabruncas. As famílias das redondezas procuravam esconder as donzelas casadouras da sua vista pois as suas artes de sedução eram por todos conhecidas.
Guiados pelo arcanjo S. Miguel, os cavaleiros do Templo deram-lhe combate feroz, até que o viram desaparecer para sempre numa gruta encantada do seu palácio no alto do monte.
Os cavaleiros para evitar que este escapasse construíram por sobre a gruta um castelo de pedra. Mas o mouro continua a encantar as donzelas que ousarem ir ao castelo sozinhas após o sol se pôr.


Lenda do Pé Nela
Reconquistado que fora o castelo do Sobral, faltava tomar novamente aos mouros outro castelo. O jovem cavaleiro D. Antão Gonçalves propõe a D. Afonso Henriques levar por diante tal empresa. Para tal insinua-se a Alina, a filha do governador, fazendo-se passar por cristão renegado que por amor a ela queria abraçar a religião de Mafoma. Doa que ia observando dava conta a D. Afonso Henriques.
Os cristãos aproveitaram uma saída dos mouros, levando o gado a beber ao ribeiro, para os desbaratar. Disfarçando-se, uns de mouros, outros com ramos imitando moitas, encaminharam-se, então, para o castelo, levando o gado de volta como se fossem os guardas mouros.
Quando os habitantes do castelo deram por conta, já D. Antão Gonçalves, ante o olhar atónito da bela Alina, havia aberto as portas do castelo e gritando dizia: “-Avancem!... A praça é nossa!... Estamos com o pé nela!” Reza a lenda que daí adveio o nome do castelo e da povoação de Penela.