História do Castelo de Coimbra
O Castelo de Coimbra, hoje integralmente desaparecido, situava-se na atual praça D. Dinis, em plena cidade Universitária. Possivelmente erguido no século XI, durante o governo de D. Sesnando Davides, seria então de dimensões acanhadas e de planta irregular. Ampliado e transformado nos séculos seguintes, sobreviveu, ainda que progressivamente arruinado, até aos finais do século XVIII quando, no âmbito da Reforma Pombalina da Universidade de Coimbra, a construção do Observatório Astronómico praticamente o destruiu.
Não obstante, o conjunto de elementos que sobre ele chegaram aos nossos dias (levantamentos, vistas) permite-nos reconstitui-lo e compreender a sua posição no perfil da cidade.
A sua localização foi estrategicamente pensada, defendendo um dos pontos de mais fácil acesso à cidade. De facto, pela escassa pendente que a colina aí apresenta tornava-se o ponto escolhido por qualquer exército assaltante para atacar Coimbra. Esta nova estrutura militar tinha exatamente por função contrariar essa fragilidade defensiva.
Foi certamente no castelo que se refugiou D. Teresa, viúva do conde D. Henrique quando, em 1116, o exército islâmico comandado por Ali Ben Yusuf montou cerco à cidade.
D. Afonso Henriques, filho de D. Teresa e primeiro rei de Portugal, adotando Coimbra como capital do novo reino, reforçou o castelo, dotando-o de uma imponente Torre de Menagem, elemento que era então uma importante inovação técnica, introduzida pelos Templários, designadamente por D. Gualdim Pais, mestre da Ordem em Portugal.
No reinado seguinte, em 1198, D. Sancho I mandou edificar uma outra torre na parte mais avançada da cidadela e com perfil pentagonal, assumindo a designação de Torre Quinária.
Já no século XIV, numa época profundamente marcada pelas guerras de D. Fernando com Castela, o Castelo de Coimbra voltou a ser alvo de importantes obras envolvendo as torres, porta, fosso e barbacã.
No decorrer dos séculos seguintes, alteradas as táticas de guerra, o Castelo veria as suas funções diminuídas, servindo já quase só como prisão. Progressivamente abandonado, o seu estado de conservação seria já muito débil quando, em 1722, respondendo à urgente modernização da Universidade de Coimbra, se projetou a construção de um observatório astronómico. Para este edifício foi destinado o espaço do “castello de Coimbra: Portas delle, e e todos os terrenos, que a elle pertencem”. Antes da destruição, porém, o Marquês fez desenhar uma planta do castelo, elemento que é hoje a principal fonte para o seu estudo. As obras de demolição, iniciadas em 1773, foram morosas e muito dispendiosas, em grande parte devido à robustez da velha torre de menagem. Em 1775, levantadas dúvidas sobre se aquele seria o local ideal para o Observatório, mas certamente também por constrangimentos económicos, interrompiam-se as obras, definitivamente abandonadas dois anos depois.
Na construção da nova Cidade Universitária, iniciada na década de 40, os poucos vestígios que ainda existiam do velho castelo foram definitivamente apagados. Todavia, prospeções arqueológicas desenvolvidas em 2010, confirmaram a localização exata do castelo.
História da Muralha
Edificada no período tardo-romano, de que a lápide dedicada a Constâncio Cloro pelos aeminienses parece ser reflexo, a muralha de Coimbra terá sofrido, no decorrer dos séculos seguintes sob o domínio visigótico, islâmico ou já cristão, sucessivas obras de conservação, a par de alterações pontuais sobretudo verificadas ao nível das portas e torres.
Correndo ao longo de 1800 metros e circunscrevendo quase 22 hectares, a muralha contava com cinco portas (da Almedina, de Belcouce, da Traição, do Sol e, finalmente, a Porta Nova) e um considerável número de torres, com especial destaque para a Torre de Almedina.
Nesta última encontra-se hoje instalado o Núcleo da Cidade Muralhada de Coimbra. Sugerimos a sua visita para melhor compreensão de todo o complexo sistema defensivo de Coimbra.
Caraterização
O sistema defensivo da cidade compunha-se de um castelo e de uma cerca ou muralha. Esta, com um perímetro aproximadamente circular, abraçava a colina onde a cidade se instalara, área que, sob domínio muçulmano, era chamada de Almedina. Por isso, ainda hoje, se utilizam os topónimos de Arco, Porta e Torre da Almedina, correspondendo à principal entrada no velho núcleo histórico. Com uma extensão de quase 2km, apresentava um considerável número de torres, quer flanqueando portas, quer reforçando taticamente os longos muros.
O Castelo tinha planta irregular e duas torres principais: a de menagem, quadrada, isolada ao centro do pátio de armas fora erguida no reinado de D. Afonso Henriques; a Torre Quinária, pentagonal, mandada erguer por D. Sancho I ocupava posição de destaque no topo nascente do castelo, defendendo a colina, junto ao velho aqueduto romano.
Classificação
MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910, (Cerca de Coimbra designadamente o Arco de Almedina, Arco Pequeno de Almedina) / Decreto nº 2 789, DG, 1ª série, n.º 121 de 16 junho 1921 / Decreto nº 7 552-A, DG n.º 133 de 1 julho 1921 (Arco Pequeno de Almedina) / Decreto nº 26 141, DG, 1ª série, n.º 287 de 10 dezembro 1935 (Torre de Anto) / ZEP, Portaria, DG, 2ª série, nº 153 de 02 julho 1960 (Cerca de Coimbra designadamente o Arco de Almedina, Arco Pequeno de Almedina) / Portaria, DG, 2ª série, n.º 269 de 17 novembro 1961 (Torre de Anto)
Acesso à Torre de Almedina
Rua Ferreira Borges, virar na Porta da Barbacã
Coordenadas: 40o 12”32,33”N 8o 25"14"3,54”O
Acesso à Torre de Anto
Rua de Sub-Ripas
Informações Úteis
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