História
Contrariamente ao que é costume observar nos castelos medievais, o castelo de Soure foi erguido numa zona plana, o que em parte se explica pela proximidade ao ponto em que os rios Anços e Arunca confluíam. Constituía, em conjunto com os restantes castelos da Rede, a linha avançada de proteção a Coimbra.
Apesar da ausência de testemunhos escritos, tudo parece indicar que terá sido D. Sesnando Davides, governador de toda a vasta região a sul do Douro, a partir de 1064, o responsável pela construção do castelo, inicialmente uma estrutura simples, aproximadamente retangular e sem torres adossadas.
Em 1111, os Condes D. Henrique e D. Teresa atribuíram carta de foral a Soure, procurando atrair e fixar população, contrapondo com amplos privilégios sociais e fiscais os riscos e perigos constantes de uma zona de fronteira. Dessa insegurança permanente é prova a investida almorávida que, em 1116, obrigou toda a população cristã a abandonar Soure para se refugiar em Coimbra, não sem antes incendiar a vila e destruir os bens e as colheitas para que não fossem tomadas pelo inimigo.
Doado à Ordem do Templo pela condessa D. Teresa, ato que o seu filho, D. Afonso Henriques comprovou em 1129, os freires templários fizeram de Soure a casa mãe de um vasto domínio cuja importância estratégica assentava no facto deste castelo se estruturar em torno de uma grande via de acesso ao norte, a velha estrada romana que ligava Olissipo (Lisboa) a Bracara Augusta (Braga).
Terá sido D. Gualdim Pais, mestre da Ordem do Templo desde 1156, o responsável por uma das mais importantes fases de construção do castelo de Soure. Na verdade, para além de dotar a estrutura de duas torres quadrangulares, localizadas frente a frente no pano de muralha voltado a sul (das quais sobrevive apenas uma) mandou erguer, entre 1171 e 1175, a fortíssima torre de menagem com base rampeada ou alambor, inovação que confirma como este freire templário, a partir da sua vasta experiência adquirida nas guerras travadas com o Islão na Terra Santa, introduziu no reino um conjunto de inovações fundamentais para o desenvolvimento da arquitetura militar.
Em 1319, no reinado de D. Dinis, o Castelo de Soure passou para o domínio da recém fundada Ordem de Cristo, milícia que vinha herdar os bens da extinta Ordem dos Templários. Na sua posse até 1834, a estrutura foi sofrendo inevitáveis alterações no decorrer dos séculos.
A partir do século XIX o castelo de Soure teve uma história atribulada. Duas torres foram vendidas a João Lobo Santiago Gouveia, conde de Verride. Em 1880 o estado de ruína em que se encontrava a torre sudoeste obrigou a Câmara Municipal a dinamitá-la para evitar a derrocada. No século XX o monumento passou para a posse de Santiago Presado e só em 2004 o Município de Soure conseguiu adquiri-lo.
Caraterização
O que hoje sobrevive do Castelo de Soure é o suficiente para revelar uma planta rectangular. Das torres que vieram fortalecer a primitiva estrutura restam ainda duas: a de menagem, dotada de alambor pelo exterior e parcialmente arruinada, facto que permite constatar a grossura dos seus muros; e uma outra, no canto oposto, a que se tem acesso por uma porta rasgada ao nível do adarve, em cuja parte de cima se encontra uma pedra (parte de um ajimez) decorada com motivos religiosos, datada da 1ª metade do século XI e naturalmente reaproveitada de um outro edifício.
Classificação
MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 37 366, DG n.º 70 de 05 abril 1949
Acesso
Rua Alexandre Herculano, Largo do Castelo, Largo do Adro.
Coordenadas:
Latitude: 40° 03'25.01"N/ Longitude: 8°37'34.47"O
Informações Úteis
Horário de funcionamento:
Aberto de segunda-feira a sábado, no horário das 09h00m às 18h00m.
Para visitas em outros períodos / dias, solicite a sua abertura no Posto de Turismo Municipal de Soure, situado no edifício contíguo ao Castelo, ou através dos contactos: 239 509 190 / 961 588 616 ou e-mail: turismo@cm-soure.pt